*Joni Tadeu Borges
A inflação, velha conhecida dos brasileiros e muito comentada nos últimos meses, fechou o mês de julho com alta para todas as faixas de renda, segundo sondagem mensal do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada nesta sexta-feira (13).
Impulsionado pelas contas de energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou a alta para 0,96% em julho, após ter registrado taxa de 0,53% em junho, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o acumulado nos 12 meses anteriores está em 8,99%, quase quatro vezes maior. Se considerar somente o acumulado no ano de 2021, até julho, o índice chega a 4,76%. Para se ter uma ideia do comportamento da inflação, em julho de 2020, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses estava em 2,31%.
O IBGE pesquisa nove grupos de produtos e serviços, são eles: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação. Dos nove, somente o grupo de saúde e cuidados pessoais teve uma variação negativa. Essa pesquisa também é realizada por regiões, o que apontou que no mês de julho, Curitiba foi a campeã do país, com alta de 1,60%, enquanto Aracaju apresentou a menor variação, 0,53%.
Causas das altas dos preços
As altas dos preços foram e estão sendo influenciadas por diversos fatores. A pandemia trouxe consequências para a economia, com uma queda abrupta nos processos produtivos e o elevado grau de desemprego, houve um desiquilíbrio entre a oferta e demanda, pressionando a alta da inflação.
Outro ponto a ser observado é desvalorização do real em relação ao dólar, isso fez os preços de vários produtos aumentarem. O preço da carne vermelha e outras proteínas, foram destaque nesse aumento. Houve uma redução na produção de gado e um aumento das exportações de carne vermelha para a China, além disso, os preços dos insumos para criação animal encareceram, principalmente a soja que tem o seu valor atrelado ao dólar.
A energia elétrica aumentou consideradamente devido aos problemas de abastecimento nos reservatórias das usinas hidrelétricas, principal fonte de energia utilizada no Brasil. A alta dos preços dos combustíveis, gás, gasolina e diesel que afetam diretamente nos custos dos produtos e serviços disponibilizados aos consumidores, e há ainda a crise climática que afeta a produção agrícola. Estamos vivendo um efeito dominó.
Expectativa de baixa
Engane-se quem espera que os preços vão parar de subir em 2021, pelo menos a curto prazo, porque quase todas as projeções apontam para este resultado. Sim, um produto ou outro poderá ter uma redução de preço, ou mesmo determinado tipo de serviço. Com boa parte da população brasileira vacinada contra a Covid-19, espera-se uma retomada gradual do crescimento produtivo no país.
Mas, a adversidade persistirá nos principais pontos que afetam a inflação: crescimento da dívida fiscal (gasto público); demora da aprovação da reforma tributária; o dólar ainda permanecerá na faixa de R$ 5,15; direcionamentos de produtos para à exportação desabastecendo o mercado interno; falta de infraestrutura para atender a crise hídrica; preços dos combustíveis vinculados ao dólar; entre outros fatores.
Então consumidor, cabe a você diminuir este prejuízo, fazendo pesquisa de preços, optando por produtos substitutos e economizando naquilo que for possível.