O mês de maio é nacionalmente conhecido por ser o mês das mães. Mês do amor, do carinho, do cuidado e de tantos outros sentimentos e sentidos que a palavra maternidade carrega. Os intervalos comerciais ficam repletos de bebês fofos sendo ninados e amamentados por uma mãe “perfeita”, que provoca em todos os telespectadores aquela sensação gostosa de acalanto. Será?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 278 mil casais não conseguem gerar filhos no Brasil, o que representa 15% do total de tentantes. Um casal com vida sexual ativa, que não faz uso de anticoncepcionais, tem uma chance em cinco de conceber a cada mês, ou seja, oito entre dez casais gerarão um filho no período de um ano. O restante dos casais entra para a estatística daqueles que apresentam algum tipo de dificuldade para engravidar de forma natural. Para as mulheres destes casais, o mês de maio se torna um martírio.
Cobradas desde a infância para exercer o papel de boa mãe, estas mulheres enfrentam um turbilhão de emoções ao se verem inférteis, incapazes de gerar um filho e atender as suas próprias expectativas – muitas vezes apenas socialmente construídas – e as expectativas de todos que as cercam. O mês de maio, antes lindamente comemorado com homenagens as suas próprias mães, passa a ser o mês do sofrimento, O mês que reforça ainda mais a dor de não poder gerar em seu próprio ventre uma criança. Mas é preciso gerar para ser mãe?
Você sabia que, atualmente no Brasil, mais de 30 mil crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento em uma das 4.533 unidades acolhedoras em todo o país? São crianças e adolescentes retirados de sua família de origem, afastados de sua genitora, em decorrência de tristes situações como abuso, negligência, abandono e outros tipos de violação de direitos.
Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, dentre estas mais de 30 mil crianças e adolescentes acolhidos, cerca de 5 mil estão aptos a adoção e todos os dias dormem e sonham com uma família na qual possam comemorar o dia das mães como nos comerciais da televisão.
De um lado milhares de casais que não podem gerar uma criança. De outro lado milhares de crianças que não podem retornar a suas famílias de origem e que precisam desesperadamente de um lar. O resultado desta conta seria um sucesso se não houvesse sinal de dúvida na resposta à pergunta: afinal de contas, você quer ser mãe ou você quer gerar uma criança?
Se a maternidade traz em sua essência o acolhimento, o carinho, o cuidado, a atenção e o amor, por que o sangue e a questão biológica são tão importantes em nossa sociedade? É preciso desconstruir esta mãe idealizada, que gera apenas na barriga, para construir a mãe real, que vincula pelo coração. É necessário compreender que ser mãe não é sinônimo de gerar e que, nem sempre, quem gera se torna mãe.
Chegará o dia em que a sociedade será capaz de se despir de preconceitos e entender que uma criança somente se torna filho quando a mãe (biológica ou não) a adota com todo o seu coração e que é o amor que transforma simples estranhos em uma família de verdade. E, a partir deste dia, não teremos mais meses de maio tristes e angustiantes. Nem para as mulheres que não conseguem gerar. Nem para as crianças que estão à espera de uma mãe em uma instituição de acolhimento.
Porque a conta vai fechar e o resultado serão incríveis e felizes dias das mães para serem comemorados com a celebração de um amor que trasborda e transforma vidas.
Sobre a autora: Letícia de Souza é especialista em Fisiologia do exercício e prescrição do exercício físico e professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.
*As opiniões expressadas nos artigos não refletem necessariamente a posição institucional do Centro Universitário Internacional Uninter.
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2 Comentários
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Olá uninter, Ser mãe adotiva é uma experiência incrível. É uma chance única de dar amor e apoio às crianças que mais precisam, ao mesmo tempo em que recebe a alegria de ser mãe de verdade. Para as mulheres que enfrentam a infertilidade, o acolhimento pode ser uma ótima solução para preencher o vazio que pode ter sido criado por sua incapacidade de dar à luz seus próprios filhos. As mães adotivas podem receber todos os mesmos benefícios da paternidade que aquelas com filhos biológicos, desde cuidar e proteger seu filho adotivo, bem como criar laços significativos por meio de experiências compartilhadas e momentos especiais juntos. Ao se tornarem mães adotivas, essas mulheres podem fazer uma diferença incrível na vida de outra pessoa, ao mesmo tempo em que satisfazem sua própria necessidade de afeto materno. A maternidade adotiva pode ser gratificante e difícil, mas, em última análise, oferece uma oportunidade inesquecível de crescimento e conexão entre pais e filhos que muitos nunca sonharam ser possível.
Oi, Joice! Você fez excelentes apontamentos. 💙💛